quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manifesto contra cortes na Educação



Um manifesto contra os cortes de 11,2 por cento (803 milhões de euros) previstos no Orçamento do Estado (OE) de 2011 do Ministério da Educação foi esta quinta-feira subscrito em Lisboa por representantes de professores, pais, alunos, funcionários, psicológos e inspectores de educação.
Também subscreveram o manifesto a Confederação Nacional das Associações de Pais, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e a Delegação Nacional de Estudantes do Ensino Secundário e Básico.

Os subscritores afirmam que com estes cortes "brutais" as escolas ficarão impedidas de dar "respostas de qualidade no plano educativo" e corre-se "o risco de aumentarem os casos de indisciplina e violência em espaço escolar".
Mário Nogueira (Fenprof) afirmou que os cortes podem atirar para o desemprego "30 mil professores". "O Governo do senhor Sócrates quer extinguir a Educação", disse, admitindo que o manifesto seja o embrião de um novo movimento. Para já, o documento será enviado ao Presidente da República, primeiro-ministro, deputados, ministra da Educação e presidente do Conselho Nacional de Educação.
Luís Pesca, dirigente da FNSFP (Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública), defendeu que o número de funcionários nas escolas é insuficiente.
"Foram feitos contratos de emprego/inserção a mais de seis mil pessoas, que é o número de funcionários que faltam. São pessoas desempregadas a quem aumentam 20% o subsídio de desemprego. São colocadas nas escolas por um ano e ajudam a falsear os números do desemprego", afirmou, denunciando ainda a existência de "2500 contratados a termo" e "centenas de funcionários a tempo parcial que ganham 3 euros por hora".
Inês Faria, do SNP (Sindicato Nacional dos Psicólogos), denunciou que o Ministério da Educação não renovou o contrato a "340 psicólogos que estavam colocados nas escolas, alguns deles há 13 anos", havendo neste momento "300 agrupamentos escolares sem orientação vocacional e acompanhamento aos alunos".
A ministra da Educação, Isabel Alçada, prometeu em Outubro, na Assembleia da República, recrutar 200 psicólogos, mas segundo Inês Faria não foi aberto qualquer concurso até ao momento.
"Em Portugal, o rácio é de 1 psicólogo para 2500 alunos enquanto na União Europeia é de 1 para 400. Conhecemos uma situação em que há um psicólogo para um concelho inteiro com 30 escolas e 30 mil alunos. Assim não saimos da cauda da Europa", afirmou.
José Calçada, do Sindicato dos Inspectores da Educação e Ensino (SIEE), frisou que o manifesto é "um sinal de esperança". "O primeiro Governo de Sócrates dividiu para reinar e pôs-nos uns contra os outros, professores contra pais, inspectores contra professores, numa acção de propaganda vil e brutal. Passados cinco anos estamos unidos porque a realidade impôs-se à propaganda. Não é possível enganar todos ao mesmo tempo", disse, sublinhando que os inspectores de educação não controlam o que se passa "nas Novas Oportunidades, nas Actividades de Enriquecimento Curricular e na Educação Especial".
Joaquim Ribeiro, da CNIPE (Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação), teme que os cortes anunciados façam "aumentar o insucesso escolar".

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