quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Relatório detalhado das provas de aferição identifica maiores fragilidades dos alunos dos 4.º e 6.º anos



Os alunos do 6.º ano estão "aquém do que é desejável" ao nível do conhecimento explícito da língua (gramática) nas provas de Português. Na Matemática revelam "dificuldades na resolução de problemas contextualizados" e uma "preocupante falta de sentido crítico face à plausibilidade das soluções que apresentam".
Já os estudantes do 4.º ano sentem maiores dificuldades na leitura, no que respeita ao Português, mas acompanham os colegas mais velhos na fraca capacidade para resolver problemas nos testes de Matemática.
Estes alertas constam dos relatórios nacionais das provas de aferição 2009/2010, divulgados no portal do Ministério da Educação, onde - pela primeira vez desde que estas provas foram introduzidas, em 1999 - é feita uma análise individualizada dos resultados em cada domínio de conhecimento.
Nas provas de Português do 6.º ano, os resultados globais são considerados "razoáveis e estáveis" pelo Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do ministério, com 69% dos estudantes a alcançaram médias positivas na escrita, 67% na leitura e 51% no conhecimento explícito da língua.
Porém, a análise mais detalhada destes desempenhos expõe fragilidades neste último domínio, em que 42% dos estudantes não conseguiram mais do que duas respostas totalmente certas e 10% não conseguiu obter a cotação máxima em nenhuma.
Já no 4.º ano, as médias são mais altas, mas invertem-se as competências, com a gramática e a escrita a atingirem percentagens de 73% de positivas e a compreensão da leitura a ficar-se pelos 69%, valores que o GAVE reconhece ficarem "um pouco aquém" do que seria desejável.
Contactado pelo DN, Paulo Feytor Pinto, presidente da Associação de Professores de Português (APP), considerou que os resultados dos estudantes do 6.º ano na gramática "não são surpreendentes" face às dificuldades que os docentes identificam nas aulas. Uma falha menos notória no 4.º ano porque o peso da gramática "é bastante reduzido" até essa altura.
Ainda assim, considerou "muito importante" a divulgação destes dados detalhados. "Praticamente desde que existem provas de aferição que temos pedido esta análise", disse, acrescentando: "Só é pena que não tenham sido enviados os resultados para as escolas antes do início do ano lectivo, porque teríamos um melhor conhecimento prévio dos pontos fortes e fracos dos alunos."
As provas de matemática do 4.º e 6.º anos conduzem à mesma conclusão: as dificuldades dos alunos na resolução de problemas. Entre os mais novos, o desempenho global chega aos 71% de respostas totalmente correctas, mas não vai além dos 17% quando é preciso resolver questões práticas de Números e Cálculo.
Os mais velhos demonstram bons conhecimentos de "conceitos e procedimentos" nas áreas temáticas de Estatística e Probabilidades, e de Números e Cálculo, atingindo 90% de respostas certas. Porém, na resolução de problemas contextualizados, tanto de Geometria como de Números e Cálculo, só 22% obteve a nota máxima.
Ressalve-se que, de acordo com os resultados nacionais, divulgados em Junho, 77% dos alunos do 6.º ano tiveram positiva a matemática e 88,4% a português. No 4.º ano, as percentagens foram, respectivamente, de 88,9% e de 84%.
O DN tentou, sem sucesso, ouvir os presidentes da associação e da sociedade portuguesa de matemática. O Ministério da Educação não quis prestar declarações.

Relatório detalhado das provas de aferição  identifica maiores fragilidades dos alunos dos 4.º e 6.º anos